quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O amor é incondicional?


Nos últimos meses eu li e escutei várias vezes esta frase: o amor é incondicional. Cada vez que me deparei com ela eu pensei muito, mas não conseguia ter certeza se eu concordava ou não com esta afirmação. Neste final de semana, eu ouvi esta frase de uma amiga, e desta vez, parece que cheguei a algumas conclusões.

Um tipo de amor que com certeza é incondicional é o de mãe (talvez o de pai também seja, não sei). O amor de mãe pode ficar abalado, arranhado, mas não acaba... em situações extremas uma mãe pode até decidir se afastar do seu filho, mas ela vai sempre pensar nele, se preocupar e querer o seu bem.

Mas e o amor de casal? Não tem como impor condições antes de amar alguém; a gente não escolhe e às vezes nem sabe explicar o que despertou o amor por determinada pessoa. Seria muito mais fácil se a gente pudesse impor condições pra gente mesmo: “eu acabo de conhecer este cara, mas eu só vou gostar dele se ele tiver todas as características que eu acho importante” (e só depois do check list das qualidades do bonito, a gente decidiria: aprovado, agora sim eu vou começar a amar). Ou então a gente diria: “eu não vou gostar dele... imagina, só tem 6 das 10 qualidades mínimas... nem pensar”. Pena que não é assim... 

A gente também não possui um botão liga/desliga pro amor. Não dá pra dizer pra alguém: “eu tenho as minhas condições: se tu não passar a ser mais carinhoso, sincero e romântico eu não vou mais te amar!” 

Tudo bem, eu concordo: o amor é incondicional; mas se não existem condições para o amor, se a gente ama sem escolher e sem saber explicar; se a gente não ama só porque, mas também ama apesar de, o que não pode ser incondicional são os relacionamentos. 
Aí sim existem condições para que se mantenham: precisam ser saudáveis e felizes. 
A gente precisa ter em mente que o que realmente justifica que um casal permaneça junto é a certeza de que a vida dos dois é melhor assim. Os humanos se associam para se ajudarem, para compartilharem e para serem mais felizes.   

Relacionamentos incondicionais podem ser fraqueza, solidão, falta de amor próprio... não são saudáveis e nem felizes. 

O amor pode resistir a muitas dificuldades: pode perdoar, relevar, mas só permanece vivo se for alimentado regularmente. E o que alimenta o amor são doses contínuas de carinho, admiração, respeito, cumplicidade, sinceridade, lealdade. À medida que estes “alimentos“ vão faltando, o amor vai adoecendo... muitas vezes dá pra recuperar, se os dois quiserem de verdade e estiverem dispostos a serem melhores com o outro; depois de uma crise pode até começar uma fase nova, mais forte e mais feliz. Mas sem entrega dos dois, na mesma proporção, o amor vai enfraquecendo e pode acabar morrendo de inanição.

Os relacionamentos precisam ser cuidados;  o amor é incondicional, mas não é imortal.
 


Um comentário:

  1. O amor de casal não é necessariamente "incondicional", mas ele não tem lógica. A gente não escolhe de quem gosta, nem deixa de gostar automaticamente quando descobre que a outra pessoa não era como a gente imaginava. Mas a experiência e a maturidade mostram que não é saudável insistir num relacionamento em que os dois não combinam. Se os dois são totalmente incompatíveis, o que sobra para compartilhar? Pode até existir um amor "sem lógica" que os mantém unidos por insistência, mas são duas peças que se atraem, mas não se encaixam. Acaba virando um relacionamento doentio. Não vale a pena viver num cabo de guerra. O melhor a fazer é largar a corda e cada um seguir o seu caminho.

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