quinta-feira, 24 de março de 2011

Liberdade para quem merece



A frase mais conhecida sobre liberdade é a que diz que a de um termina onde começa a do outro. Trocando em miúdos, a minha liberdade não pode resultar na perda da liberdade de outra pessoa; a idéia é 100% correta, pena que na prática, não seja respeitada.

Tem gente que usa a sua liberdade para se embebedar e dirigir, causando um acidente onde vai machucar alguém que estava usando a sua liberdade para passear de carro com a sua família, sóbrio. 

Outro usa a sua liberdade para decidir que ao invés de trabalhar vai roubar as bolsas das pessoas que estão em uma parada, usando a sua liberdade para esperar o ônibus e ir para a faculdade. 
Um homem-bomba resolve usar a sua liberdade para se explodir, matando uma grande quantidade de pessoas, que estavam usando as suas liberdades para passear em um cinema ou museu. 

Alguém pode dizer que as pessoas que prejudicam, ferem ou matam alguém (a não ser o homem-bomba), quando forem pegos, vão ser punidos e vão pagar pelo mal que fizeram; com certeza devem ser punidos, mas isto não desfaz o mal que causaram, apenas faz com que se arrependam e talvez os impeçam por um tempo de repetir o erro. Mas e as pessoas prejudicadas e suas famílias? Quem vai devolver o que perderam? 

Às vezes eu preferia que as pessoas não tivessem tanta liberdade... Não seria melhor se Deus fosse um Pai mais rígido e tirasse a liberdade dos filhos que demonstram não saberem usá-la? 

Eu acho que devia ser assim: cada pessoa ser livre para fazer o que quisesse, desde que só ela sofresse as conseqüências. Se alguém quisesse dirigir bêbado e causasse um acidente, só o motorista deveria se machucar. Quando alguém decidisse brincar com fogos de artifício apesar de todo mundo avisar que é perigoso, só o teimoso deveria se queimar. 

Cada um tem o direito de fazer qualquer bobagem com a sua liberdade, pode até botar fora a própria vida, o que não é justo é que pessoas que querem usar a sua liberdade pra coisas boas, para ter uma vida produtiva, saudável e segura, tenham que pagar pelas más escolhas dos outros. 

Liberdade é muito bom, mas nem todo mundo merecia ter... infelizmente!



quinta-feira, 17 de março de 2011

“Um dia” é quando?


Muitas vezes a gente vai adiando coisas que quer ou precisa fazer, usando expressões como “um dia eu vou fazer isto” ou “eu ainda quero fazer aquilo” e justificando que não tem tempo, não tem dinheiro e às vezes, as duas coisas.

“Um dia” não existe no calendário; só se pode fazer coisas do dia primeiro ao dia 31 de algum mês! 

É claro que tem coisas que a gente quer para o futuro mas não tem como precisar uma data, como uma jovem de 15 anos que “um dia” pretende ser mãe; ela ainda precisa amadurecer, trabalhar, estudar e encontrar a pessoa certa para compartilhar este plano.

Mas tem coisas que a gente vai postergando por medo: eu tenho feito muito disso.

Há mais de cinco anos eu pensei em escrever um livro; escrevi umas 5 ou 6 páginas e parei. Durante os últimos anos, as poucas pessoas que souberam deste meu desejo perguntavam: e aí? Quando é que tu vai escrever aquele livro? E eu sempre respondia: um dia... Eu acho que parei porque tive medo de não conseguir ir até o fim. Medo de descobrir que toda a minha criatividade não chegaria à décima página ou de depois de pronto não conseguir publicar.

Outra coisa que venho adiando a alguns anos é frequentar um curso de inglês. Eu sempre me senti desconfortável por não saber inglês: não entender a letra de uma música, não poder atender um cliente ou responder um email em inglês, não entender os diálogos de um filme sem olhar a legenda... Mas eu tinha medo de ter muita dificuldade e até de não conseguir aprender; mas eu sempre me prometia que “um dia” eu ia fazer um curso...

Sempre que via fotos lindas de outros paises eu pensava: “um dia” eu ainda vou viajar, mas ia adiando porque no fundo tinha medo de não ser capaz de economizar com bastante antecedência, cortando todos os gastos supérfluos para priorizar a viagem....

E para completar, cada vez que ficava sabendo de mais uma campanha para incentivar que mais pessoas fossem voluntários para doação de medula óssea, qual era a minha decisão? Eu vou me cadastar, “um dia”...

Chega de esperar “um dia”. Se existe alguns desejos que se pode realizar imediatamente e outros que precisam de planejamento e tempo, eu acho que as respostas devem ser: para os do primeiro grupo: porque não hoje? Para os do segundo grupo: tudo bem, mas quando eu vou começar? 

Eu não sei se eu estou ficando velha, mas a cada ano tenho a sensaçao de que os dias e meses estão passando mais depressa e que se eu ficar adiando tudo que quero fazer, vou acabar não fazendo a maioria.

Este ano tenho tentado fazer mais e postergar menos. 

Primeiro decidi que em setembro eu vou viajar pra Europa. Será que eu vou conseguir tudo o que preciso para a viagem? O dinheiro eu já estou colocando um pouco todo mês na poupança mas não sei se vou conseguir o valor necessário; as férias eu ainda não posso saber se vai ser possível. E se quando chegar perto da data estipulada eu descobrir que não vai dar para viajar? Aí eu adio, remarco para as férias do ano que vem; pelo menos já vou ter uma boa parte do dinheiro e vai faltar bem menos para juntar.   

Depois me cadastrei como doadora de medula óssea.

Em fevereiro comecei a escrever o meu livro.

Nesta semana me matriculei num curso de inglês.

Tudo bem fazer um planejamento e depois ter que adiar ou até não conseguir completar; o importante é começar. Os medos a gente vai enfrentando um de cada vez e se não for possível concretizar alguns dos planos iniciados, pelo menos vai ter tentado. Prefiro isto do que continuar a me arrepender de ver o tempo passando e deixando de fazer o que quero por medo de tentar.





segunda-feira, 7 de março de 2011

Meias verdades


Tem gente que se considera sincera quando na verdade apenas não fala mentiras, o que é completamente diferente.

Não entendeu? Vou dar alguns exemplos:

- A mãe foi informada pela escola que a filha adolescente anda chegando atrasada às aulas. Quando chega do trabalho ela pergunta à filha: Como foi hoje? Chegou atrasada na aula? A filha responde que não, mas não conta que matou a aula inteira e por isto não se atrasou. Quando a mãe descobrir e for questionar a filha, certamente ela vai responder que não mentiu, afinal a mãe perguntou se ela tinha chegado atrasada e não se ela tinha ido à aula.

- A namorada pergunta ao namorado: Tu saiu com a fulana ontem? O namorado responde que não, mas “esquece” de comentar que a “fulana” foi até a casa dele. Ele sabe que a parte mais importante da pergunta não estava ligada ao fato de ele ter saído ou permanecido em casa, mas sim ao fato de ele ter se encontrado ou não com a “fulana”, mas ele escolhe fazer de conta que não entendeu.

- Um homem que deve depositar 30% do salário como pensão alimentícia para os filhos passa anos sem dar nem um centavo porque está desempregado. Na verdade ele trabalha como autônomo e por este motivo sua carteira não é assinada. Ele não possui “salário”, mas recebe dinheiro em troca do serviço que presta. É óbvio que deveria dar 30% de tudo que recebe, mas lhe interessa levar a palavra “salário” ao pé da letra. Mas se ele morasse junto com os filhos faria alguma diferença se o dinheiro que têm é chamado de salário ou de pró-labore? Ele deixaria de comprar comida ou remédios para os filhos porque o dinheiro que possui não pode ser chamado de “salário”? 

- Um cara que mora com uma mulher ou possui um namoro de longo tempo conhece uma bonitona que pergunta se ele é casado e ele responde que não. A verdade inteira seria: não sou legalmente casado, mas moro com a minha namorada; ou, não sou casado, mas tenho namorada. Será que ele não entendeu que ela queria saber se ele estava disponível e não se ele possuía uma certidão de casamento? Claro que entendeu!

Existe um provérbio chinês que diz: “Meia verdade é sempre uma mentira inteira.”

Na tua opinião, uma pessoa que faz um jogo de palavras pra responder a uma pergunta omitindo de propósito uma parte da verdade pra tirar algum proveito está falando a verdade? Eu acho que não; quem faz isto sabe que está mentindo e se acha esperto por isto! Eu não acho que mentir é esperteza: é bom lembrar que não existe mentira que dure para sempre...

Ser sincero é muito mais do que não dizer mentiras. 

Quando eu faço uma pergunta a alguém, eu não quero meias verdades, eu mereço verdades inteiras. 



quarta-feira, 2 de março de 2011

Dia da Mulher (sem estereótipos)



Sempre detestei comentários do tipo: “Ele cozinha como uma mulher” ou “Ela dirige como um homem”. Como assim? Quem disse que todas as mulheres sabem cozinhar e que todos os homens são bons motoristas? Estes conceitos vêm se arrastando ao longo das décadas e muitas pessoas os repetem sem pensar. 

De acordo com a Wikipédia, estereótipo é um conceito infundado sobre um determinado grupo social, atribuindo a todos os seres desse grupo uma característica”, ou seja, dizer que os homens são assim ou as mulheres são de determinada forma é sempre errado, porque nenhuma característica é só de um dos gêneros e nem se estende a todos daquele grupo. 

Com a proximidade do Dia Internacional da mulher a mídia nos entope de propagandas e nossos emails se enchem de textos que exaltam as ditas “qualidades femininas”. Nos lembram do quanto somos especiais, competentes, sensíveis, boas mães, boas companheiras... Não somos todas iguais, mas tudo bem; não faz mal nenhum as mulheres receberem elogios e homenagens; as que estão com a auto-estima meio baixa vão lembrar que possuem qualidades e as que estão se sentindo meio desvalorizadas vão ter suas energias renovadas. 

O que me fez ter vontade de falar sobre tudo isto foi assistir um antigo DVD de  um show da Maria Rita que eu adoro: ela cantou aquela música que diz: “ ...sou mais macho que muito homem!” Adoro esta frase e sempre que escuto eu canto junto como se eu tivesse afirmando a meu respeito: sou mais macho que muito homem! Nada a ver com sexualidade e nem com aparência física... Tudo a ver com o estereótipo de que os homens são fortes, trabalhadores, corajosos... Muitas mulheres são a prova clara do quanto estes conceitos são enganosos e injustos: nem todo homem é forte, corajoso, trabalhador, assim como nem toda a mulher é sensível, boa mãe ou gosta de “lidas domésticas”. 

Somos do jeito que somos por termos tido uma determinada educação, família, grupo social, por termos vivido determinadas experiências e não por sermos homens ou mulheres.

Mas o dia 8 de março se aproxima e eu quero aproveitar pra deixar um abraço muito sincero pra todas as mulheres que merecem ser homenageadas com um dia especial só pra elas (e eu conheço várias)! 

O dia internacional da mulher é para todas, mas especialmente:

- para a mulher que batalha pra ter sucesso profissional, que estuda, que se sustenta e as vezes sustenta sozinha os seus filhos; 
- para a mulher que cuida da sua casa do jeito que pode e no tempo que consegue, que quando precisa pinta paredes, faz uma mudança sozinha, troca lâmpadas e pendura cortinas; 
- para a mulher que já saiu no meio da noite dirigindo ou de taxi para levar seu filho ou sua mãe ou pai no hospital;
- para aquela que venceu uma seleção entre várias para um novo emprego ou promoção; 
- para a que paga os estudos dos filhos e trabalha duro sem se queixar porque faz com vontade; 
- para a mulher que faz algum trabalho voluntário e para a que tem coragem de começar uma vida nova depois de uma separação; 
- para  todas as que cuidam de si, do seu trabalho, da sua casa, da sua aparência, da sua espiritualidade, da sua familia, das suas finanças e não deixam de ser gentis e bem-humoradas. 

Força e felicidade pra todas nós!