quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tudo bem






Sinceridade sempre! Mas atire a primeira pedra quem nunca responde “tudo bem” quando na verdade está com algum problema ou preocupação.
Aliás, vamos combinar que dificilmente respondemos sinceramente quando nos perguntam se estamos bem (até porque nem sempre quem pergunta tem tempo ou interesse de ouvir nossos problemas).

 
Perguntar se está tudo bem passou a ser uma espécie de cumprimento e não uma pergunta que realmente deva ser respondida com algo além de um simples “tudo”.
E não é por mal que a gente responde que está bem mesmo não estando!
Normalmente é porque a gente não tem intimidade suficiente com a pessoa que está perguntando pra sair falando da nossa vida.
Um cliente chega e te cumprimenta: bom dia, tudo bem? E você responde: bem nada, passei a noite em claro com uma dor de dente terrível!
Ou, ao chegar numa empresa para uma entrevista de emprego, você é recebida pelo gerente de RH que lhe pergunta: como vai, tudo bem? E você responde: tô péssima,meu aluguel subiu justo agora que meu marido perdeu o emprego! 

 
Mas quando é a mãe da gente que pergunta, com certeza ela quer mesmo saber como a gente está (de preferência com detalhes). E como a gente não gosta de preocupá-la (e toda mãe se preocupa) quando é ela que pergunta a gente prefere largar aquele  ”tudo bem” meio murcho (aquele com cara de tédio que na verdade quer dizer: tudo igual, os problemas ainda são os mesmos). 

 
Mas tem pessoas que pra não mentir trocam o “tudo bem” pelo “tô levando”.
Mas levando o quê? Prá onde? O “tô levando” é mais parecido com “não tô bem, mas vou sobrevivendo” ou “tô chateada mas não quero falar a respeito”. 
O interessante disto tudo é que quando falamos com alguém que realmente nos  conhece, esta pessoa sabe como estamos de verdade, independente das palavras: o tom da voz (mesmo por telefone) ou a expressão do rosto já diz tudo! Com esta pessoa sabemos que não dá pra enrolar, precisamos falar tudo: contar com detalhes, chorar no ombro, pedir conselho ou simplesmente desabafar. E só de falar com esta pessoa a gente já se sente melhor.

 
 E depois, como a vida continua, de repente acontece alguma coisa boa: um aumento de salário, um elogio do chefe, o filho que conseguiu emprego, uma declaração de amor muito esperada... 

 
Aí sim, quando estivermos bem de verdade, o primeiro que perguntar "tudo bem?" antes mesmo da resposta vai receber aquele baita sorriso e talvez a gente não resista e responda: tudo bem, tudo ótimo!

4 comentários:

  1. Ótima crônica! Lembra um pouco a Martha Medeiros, mas num tom mais otimista. Quem diria que você tinha esse talento oculto.

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  2. Adorei tua crônica!!! Parabéns!!!
    Martha Medeiros que se cuide!!!!
    Beijinhos

    Gisele

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  3. Realmente muito bom.
    É interessante perceber que muitas vezes conhecemos a pessoa a anos e sempre tem algo nelas que desconhecemos.
    Só não cometeria o "pecado" de comparar com a Martha Medeiros, pois acredito que cada pessoa é incomparável.
    Beijos

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  4. Puxa vida... Quando eu comparo com Martha Medeiros, sou rotulado de doidinho... Hehehe... sou só eu? Ca Dê os outros??? Muito sucesso nesse brógui e fora dele.

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