O aspecto mais bonito da infância não é a inocência? A criança acredita em tudo que lhe é dito, nunca imagina que alguém possa desejar o seu mal, apóia cegamente os seus amigos e é fiel a eles incondicionalmente.
Estas características vão se modificando com o passar dos anos, de acordo com as experiências pelas quais a pessoa vai passando; alguns amadurecem muito cedo, mas eu mantive estas características intactas por muito tempo.
Eu sempre acreditei que todas as pessoas eram boas e bem intencionadas e que quando magoavam ou prejudicavam alguém, o faziam sem intenção.
A minha reação quando uma pessoa era grosseira comigo ou de alguma forma me atingia, sempre foi a de desculpar sem nem ao menos esperar (ou receber) um pedido formal de desculpas. Eu achava que seria mesquinho ou hostil da minha parte confrontar a pessoa e sempre decidia relevar e esquecer, numa espécie de “política de boa vizinhança” com toda a humanidade. Agora eu demonstro minha insatisfação quando sou destratada. Eu posso desculpar, se a pessoa demonstrar arrependimento e mudar seu comportamento, mas também posso me afastar sem culpa de quem não mostrar intenção de me tratar bem.
O que mudou? Não sei bem, mas parece que comecei a prestar mais atenção e a perceber que nem todas as pessoas são boas o tempo todo. Tá bom, eu me rendo: existem pessoas que invejam o que os outros possuem, que se incomodam em ver alguém se dar bem e que não se importam em ferir os sentimentos dos outros pra conseguirem alcançar o que querem.
Acho que minha porção criança está diminuindo e minha porção adulta está ocupando um espaço maior; minha tolerância foi diminuindo à medida que minha auto-estima foi aumentando.
Continuo disposta a tratar bem todas as pessoas, mas agora eu vejo que não é errado eu esperar delas a mesma atitude em relação a mim.
Meu lado criança continua sendo amiga fiel, adorando desenhos animados, rindo de piadas ingênuas; meu lado adulto agora exige ser bem tratado.
Ainda acho que a maioria das pessoas são bem intencionadas, mas agora enxergo a minoria que desrespeita ou não se importa. A minoria não vai me deixar amarga e desconfiada, mas também não vai mais passar despercebida.
Ainda sou criança, mas agora uma criança madura.
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