Quando eu era criança, a televisão era em preto e branco e a gente não só adorava como não imaginava a possibilidade de existir imagem colorida. Hoje não conheço ninguém que ainda tenha uma TV em preto e branco em casa.
Quando não existia celular, a gente achava normal só conseguir falar com alguém quando a pessoa estivesse em casa ou no trabalho; o fato de não podermos nos comunicar com alguém enquanto a pessoa estivesse na rua normalmente não chegava a causar nenhum grande problema. Hoje, se a gente liga para o celular de alguém e a ligação não é atendida, já causa preocupação e muitas vezes até irritação: “pra que ter celular se não atende”?
E a máquina fotográfica? A gente precisava utilizar o filme todo para poder mandar revelar e muitas vezes o filme queimava e não se aproveitava nenhuma foto. Hoje a gente vê na hora se a foto ficou boa e descarta as que saímos com olhos fechados ou que ficamos gordas ou feias (sim, porque ninguém quer arriscar que uma foto feia venha a público).
E os computadores? Eu sou do tempo da máquina de escrever! Quando surgiu o computador e a gente pôde imprimir o que digitava já foi o máximo, mas agora a gente nem precisa imprimir um texto, basta enviar por email (além de fotos, vídeos, músicas, etc...).
Não estou tendo um surto saudosista não! Não é uma questão de saudade, eu só estava pensando que a gente vive muito bem com o que tem, até que conheça algo melhor. Não é mesmo?
Pensa bem: a gente estava bem com o telefone fixo, a TV em preto e branco, a máquina fotográfica e a de escrever, mas depois de conhecer o celular (cada vez com mais funções), a TV colorida (cada vez maior), a câmera digital e o computador, o que a gente tinha passou a ser insuportável. Quem consegue ficar satisfeito com o que tinha antes (e era satisfatório) depois de experimentar algo melhor? E gozado que em pouco tempo a gente se acostuma e deixa de ser tão especial, passa a ser o normal que atende as necessidades (pelo menos até que apareça coisa melhor).
Já ouvi pessoas dizerem: “acho que não vou, tô sem carro hoje”. Como assim? Antes de ter carro passou anos andando de ônibus e não deixava de ir a lugar nenhum!
Tem gente que volta de um feriado prolongado e diz: “hoje foi difícil acordar; não estava mais acostumada a acordar cedo.” O ano todo acordou cedo e só porque dormiu mais durante quatro dias de folga já “desacostumou”?
Como é fácil acostumar com o que é bom!
Eu fico tentando imaginar que necessidades eu ainda nem sei que eu tenho e alguém vai achar um jeito de satisfazer.
O que será que eu ainda não conheço, não me faz a menor falta, mas depois que eu conhecer não vou mais poder me imaginar sem?
Não sei, mas que vai acontecer vai.
Parabéns Denise, pelo aniversário do blog!
ResponderExcluirTeus textos são sempre ótimos e dão boas reflexões!
Continue, cada vez melhor!!!!
bjs