quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Novas necessidades

Quando eu era criança, a televisão era em preto e branco e a gente não só adorava como não imaginava a possibilidade de existir imagem colorida. Hoje não conheço ninguém que ainda tenha uma TV em preto e branco em casa.

Quando não existia celular, a gente achava normal só conseguir falar com alguém quando a pessoa estivesse em casa ou no trabalho; o fato de não podermos nos comunicar com alguém enquanto a pessoa estivesse na rua normalmente não chegava a causar nenhum grande problema. Hoje, se a gente liga para o celular de alguém e a ligação não é atendida, já causa preocupação e muitas vezes até irritação: “pra que ter celular se não atende”? 

E a máquina fotográfica? A gente precisava utilizar o filme todo para poder mandar revelar e muitas vezes o filme queimava e não se aproveitava nenhuma foto. Hoje a gente vê na hora se a foto ficou boa e descarta as que saímos com olhos fechados ou que ficamos gordas ou feias (sim, porque ninguém quer arriscar que uma foto feia venha a público). 

E os computadores? Eu sou do tempo da máquina de escrever! Quando surgiu o computador e a gente pôde imprimir o que digitava já foi o máximo, mas agora a gente nem precisa imprimir um texto, basta enviar por email (além de fotos, vídeos, músicas, etc...).

Não estou tendo um surto saudosista não! Não é uma questão de saudade, eu só estava pensando que a gente vive muito bem com o que tem, até que conheça algo melhor. Não é mesmo?  

Pensa bem: a gente estava bem com o telefone fixo, a TV em preto e branco,  a máquina fotográfica e a de escrever, mas depois de conhecer o celular (cada vez com mais funções), a TV colorida (cada vez maior), a câmera digital e o computador, o que a gente tinha passou a ser insuportável. Quem consegue ficar satisfeito com o que tinha antes (e era satisfatório) depois de experimentar algo melhor? E gozado que em pouco tempo a gente se acostuma e deixa de ser tão especial, passa a ser o normal que atende as necessidades (pelo menos até que apareça coisa melhor).

Já ouvi pessoas dizerem: “acho que não vou, tô sem carro hoje”. Como assim? Antes de ter carro passou anos andando de ônibus e não deixava de ir a lugar nenhum!

Tem gente que volta de um feriado prolongado e diz: “hoje foi difícil acordar; não estava mais acostumada a acordar cedo.” O ano todo acordou cedo e só porque dormiu mais durante quatro dias de folga já “desacostumou”? 

Como é fácil acostumar com o que é bom!

Eu fico tentando imaginar que necessidades eu ainda nem sei que eu tenho e alguém vai achar um jeito de satisfazer.

O que será que eu ainda não conheço, não me faz a menor falta, mas depois que eu conhecer não vou mais poder me imaginar sem? 

Não sei, mas que vai acontecer vai.

Um comentário:

  1. Parabéns Denise, pelo aniversário do blog!

    Teus textos são sempre ótimos e dão boas reflexões!

    Continue, cada vez melhor!!!!

    bjs

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