quarta-feira, 26 de setembro de 2012

E se?




Será que sou só eu, ou todo mundo antes de acontecer uma coisa que quer muito pensa, nem que seja por poucos minutos, na possibilidade de dar errado? 

Tá tudo perfeito, uma coisa maravilhosa está para acontecer, mas de repente, num momento de distração, vem aquele pensamento: e se?
  
Antes de uma pequena cirurgia muito aguardada: e se eu tiver um choque anafilático? 
Antes de uma viagem maravilhosa: e se o avião cair? e se o navio afundar? 
Antes da sonhada aventura radical: e se o paraquedas não abrir? e se a corda do bungee jump arrebentar?   

É claro que racionalmente a chance de um acidente acontecer é pequena... Mas, e se? 

Todo mundo (e até a gente mesmo) só diz que “tudo vai dar certo”... Mas, e se? 

E se eu não voltasse? O que as pessoas iriam sentir? O que iriam dizer? 

Os ex-colegas de trabalho: “ela era uma das pessoas mais dedicadas ao trabalho que eu já conheci!”. 

Os amigos chegados e parentes: “que fatalidade... ela saía pouco, não era de muitas festas, e quando resolve finalmente fazer alguma coisa para se divertir de verdade acontece uma coisa dessas!” 

Eu acho que várias pessoas iam lamentar e até chorar por mim... Alguns iam sentir a minha falta e de vez em quando comentar alguma característica minha com saudade... 

A minha mãe ia sofrer bastante (afinal seria o segundo filho a partir antes da hora)... Mas ela é uma guerreira e iria acabar se reerguendo (de novo)... iria acabar achando forças porque afinal tem uma neta que precisa do consolo e da ajuda dela. 

E a minha filha?  Seria difícil pra ela, afinal estamos juntas a tantos anos... nunca moramos separadas e acho que nunca ficamos mais de uma semana sem nos ver. Mas o que eu queria é que ela lembrasse de tudo de bom que passamos juntas... que se inspirasse nas qualidades que ela julga que eu tenho e usasse qualquer coisa que tenha aprendido comigo, seja pelas minhas palavras ou pelas minhas atitudes, pra construir uma vida maravilhosa para ela. 

Como eu disse antes, o “e se” é um pensamento que acaba aparecendo e dura poucos minutos. 

Depois vem a resposta que nós mesmos nos damos: “Deus me livre! Eu ainda tenho muita coisa pra fazer!” 

Eu ainda quero levar a minha mãe pra Buenos Aires, quero ver a minha filha realizada profissionalmente, quero falar inglês fluentemente, quero conhecer muitos lugares, quero encontrar um companheiro, quero reformar o meu apartamento, quero ajudar a salvar a vida de alguém através de um transplante de medula óssea, eu quero ser avó!

Pai do Céu: me acompanha e me protege na minha viagem, e, por favor, me traz de volta pra minha vida e pras pessoas que eu gosto.

To saindo de férias... mas eu volto!


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