segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cabelos rebeldes



Muita gente fala do quanto é difícil conviver com os adolescentes em sua fase rebelde; concordo, é difícil mesmo, mas minha experiência mais difícil e duradoura com rebeldia eu tive (e ainda tenho) com os meus cabelos.

É comum pessoas que não estão satisfeitas com seus cabelos: quem os têm muito lisos gostaria de mais volume, quem os têm muito crespos, adorariam ter madeixas escorridas; mas difíceis mesmo são os tais "ondulados": estes sim são os mais rebeldes, porque cada dia eles estão de um jeito, por pura birra.

Os adolescentes são difíceis, mas pelo menos de vez em quando eles ouvem os adultos, os cabelos não. Não existe negociação! Não adianta dizer: "por favor, se comporta só hoje e eu prometo passar o final de semana inteiro sem nem te pentear".  As vezes, do nada, ficam bonitos, mas normalmente é quando a gente está sozinha em casa e ninguém vai ver.

A minha briga com os meus cabelos me acompanha a vida inteira. Na minha festa de 15 anos eles se mostraram impiedosos! Passei a tarde em um renomado salão de beleza onde a minha mãe gastou uma fortuna pra nada. Na época o sonho das meninas era ter o cabelo da Farrah Fawcett, aquela atriz linda e loura das Panteras; como o meu cabelo era comprido, pedi para o cabeleireiro fazer o corte dela; depois de cortar, ele colocou rolos e depois ainda fez toca. Pra quem não sabe o que é toca eu explico: a gente escovava o cabelo todo para um lado e ia prendendo em volta da cabeça com grampos, depois que aquele lado secava a gente escovava todo para o outro lado e enchia de grampos novamente (se não fizesse dos dois lados ficava todo torto). Depois de todo este processo o cabelo ficou lindo! Eu teria ficado maravilhosa nas minhas fotos se não fosse por um detalhe: era pleno mês de fevereiro e fazia uns 30 graus (à noite); antes mesmo da festa começar, bastou eu começar a suar pro cabelo se encolher todo. Se alguém duvida, eu ainda tenho as fotos: o cabelo todo cacheado como se eu tivesse feito babyliss (que na época acho que ainda nem existia). Uma tragédia!

Agora já faz muitos anos que eu decidi usar cabelo curto. Todo mundo acha que cabelo curto não dá trabalho, mas não é bem assim: toda noite eu lavo e fico escovando com uma mão enquanto seguro o secador com a outra; na hora as vezes até fica direitinho, mas eu vou dormir sem saber como ele vai estar na manhã seguinte: um calombo no alto da cabeça, uma onda na franja, uma ponta virada pro lado errado, enfim: ele fica como bem quiser e eu não tenho nenhum domínio sobre ele.

Para os que ainda reclamam dos adolescentes rebeldes eu digo: rebeldia de adolescente passa, de cabelo não. Os filhos, mais cedo ou mais tarde se acalmam, ou porque os hormônios se estabilizam ou porque acabam quebrando a cara algumas vezes e aprendendo da forma mais difícil o que as suas santas mãezinhas tentaram ensinar com todo carinho.  


As pessoas chegam à maturidade mais tranqüilas e equilibradas, mas os cabelos não: com o tempo, ao invés de aceitarem uma convivência pacífica eles declaram uma nova guerra e começam a ficar brancos, por pura maldade. 
 
 


 

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