segunda-feira, 2 de julho de 2012

Problemas com a memória


A esta altura, me aproximando dos quarenta e todos, percebo que a minha memória está cada vez pior.

Alguns nomes ou palavras simplesmente desaparecem na hora em que eu vou falar. Num dia destes eu fui à uma farmácia e o nome do remédio que eu compro todo mês simplesmente não existia mais na minha cabeça. O atendente se aproximou e se passaram intermináveis dois ou três minutos até que eu lembrasse.

Parecia que dentro da minha cabeça havia uma engrenagem muito lenta e pesada, fazendo uma força enorme para se mover em direção da resposta. Fiquei com tanta vergonha que acabei aproveitando para também comprar um “fortificante nos estados de esgotamento físico e mental”.

No dia seguinte eu tive a confirmação de que as coisas não iam nada bem: um colega lembrou de uma cena de novela onde o Gianecchini empurrava uma secretária no poço de um elevador. Incrível: ele lembrava com detalhes do enredo, dos nomes dos atores e dos personagens da novela, enquanto eu levei vários minutos para lembrar vagamente da cena. O pior não foi demorar para lembrar, foi me dar conta que este tipo de lembrança estava lá dentro do meu cérebro, ocupando um espaço precioso que está fazendo falta para outras lembranças mais importantes.

Desde a infância até hoje, devem ter milhares de programas de televisão armazenados na minha cabeça: quantas novelas, programas humorísticos, filmes... Não tenho preconceito nenhum em relação à televisão, até porque é o meu escape mais freqüente do stress; acho até que muitos destes programas me fizeram pensar sobre temas importantes e me ajudarem a formar minhas opiniões em relação a muitas coisas; o problema é que agora eu gostaria de poder excluir algumas lembranças menos importantes e abrir espaço para coisas novas.

A gente devia poder organizar as lembranças, rever cenas e escolher as que devem ser armazenadas e as que podem ser deletadas.

Eu até tento facilitar a minha vida, otimizando o espaço útil da minha memória: não memorizo números de telefones (para isto existem os contatos do celular);  não guardo o aniversário de quase ninguém (para isto eu uso o Facebook, apesar de já ter deixado passar o aniversário de uma grande amiga porque cheguei tão cansada em casa que não liguei o computador e o Face não pôde me avisar). Receitas, letras de músicas, endereços? Procuro no Google. Número de documento? Não sei nenhum. Preço de mercadorias do supermercado? Nem imagino.

Às vezes lembro de coisas banais e não consigo lembrar de coisas que realmente gostaria.

Talvez amanhã eu lembre de mais alguma coisa que poderia ter escrito hoje...  talvez não...




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