quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gírias e Gerações




Ontem li a crônica Tipo Assim, do Kledir Ramil, que demonstra a preocupação de um pai ao ver os filhos falarem com os amigos usando muitas gírias e teclarem no MSN transformando as palavras em códigos, como kra (cara), tbm (também) e d+ (demais).

Lembrei de um dia destes, quando ouvi a minha filha atendendo o celular; a conversa foi mais ou menos assim: “... não, não tô na baia... vim mais cedo pro centro pra almoçar com a minha coroa e depois vou direto pro trampo. Mas me liga amanhã que é sábado: sipá a gente marca uma banda no Marinha prá tomar uns chimas... Tu te pilha?...”

Eu achei engraçado, mas não me preocupei: eu sei que a conversa só foi assim porque devia ser com uma das amigas mais chegadas, porque se fosse com outra pessoa ela diria: “... não, não tô em casa... vim mais cedo pro centro pra almoçar com a minha mãe e depois vou direto pro trabalho. Mas me liga amanhã que é sábado: quem sabe a gente combina de dar uma volta no Parque Marinha prá tomar um chimarrão... Tu tá afim?...”

Os jovens são muito inteligentes; eles deliberadamente escolhem as palavras que vão usar de acordo com a pessoa com quem estão falando. Para quem está ouvindo, quando eles juntam várias gírias em poucas frases parece que estão falando uma espécie de dialeto e a intenção é mais ou menos esta mesmo.

Pais e mães, não se preocupem tanto: eles sabem falar a “língua oficial”, só que gostam de ter um jeito próprio de comunicação com os amigos. Isto acontece em todas as gerações... os jovens sempre criaram uma linguagem diferente que os aproxima e identifica com os seus amigos e ao mesmo tempo deixa claro que eles são diferentes dos adultos. E são mesmo!

Comecei a tentar lembrar das gírias da minha adolescência e juventude e quase não lembrava de nada!

Acessei a internet, procurei gírias de décadas passadas e encontrei um bom material:

- anos 60: quadrado, pé de chinelo, bacana, legal, fossa, cafona...
- anos 70: está por fora, dançou, entrar pelo cano, desligado, jóia...
- anos 80: brega, massa, pega leve, deprê...
- anos 90: pagar mico, azarar, baranga, mala, fui...

Quem de nós, “adultos” não usou a maioria destas gírias?

Muitas destas palavras e expressões se incorporaram no vocabulário coloquial e nós usamos até hoje sem nem perceber que são gírias.

Os jovens de hoje não são muito diferente dos jovens dos anos 60, 70, 80 e 90... esta fase vai passar e aos poucos cada um vai se enquadrando ao modo de falar aceito e falado nas universidades e nas empresas.

Com certeza algumas destas gírias usadas hoje vão cair no total esquecimento mas outras vão continuar em seus vocabulários e até passar para os seus filhos, assim como nós passamos para os nossos alguma gírias da nossa juventude.

Isto não é legal?





Um comentário:

  1. Oi Denise, muito legal este texto. Depois dá uma lida no que eu também escrevi sobre esse tema lá nos idos de 2004:

    http://emiliopacheco.blogspot.com/2004/10/grias.html

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