sábado, 23 de abril de 2011

Futebol: esporte, arte e paixão


Esforço e talento são fundamentais para que alguém alcance sucesso em qualquer atividade profissional. Podemos pensar nas horas diárias de estudo e ensaios de uma bailarina clássica, de um músico de orquestra ou de um cantor de ópera; estes artistas são reconhecidos e respeitados pelo esforço e dedicação. 

Os jogadores de futebol também precisam de talento, esforço, muito treino e dedicação, mas o futebol não é considerado arte. Apesar de ser um esporte que leva multidões a estádios, que mexe com a paixão de milhões de pessoas, o futebol não é valorizado por todos. 

Quem nunca ouviu de quem não gosta de futebol o comentário de que não sabe qual é a graça de ver um monte de homens correndo atrás de uma bola? A graça está no talento, na criatividade e na determinação; um bom jogador de futebol demonstra inteligência ao usar a jogada certa na hora exata, habilidade ao proteger ou tirar a bola do adversário, precisão ao lançar a bola ao companheiro; conhecer e respeitar as regras, treinar muito, ser persistente e tolerar a dor. 

Nem todo mundo gosta de futebol, assim como nem todo mundo gosta de ópera ou balé. Ninguém sabe o que faz com que algumas pessoas descubram o valor em algumas coisas e outras não. 

Quem gosta de futebol, normalmente escolhe um time para torcer. Na verdade não sei se a gente "escolhe" um time ou se a gente simplesmente se apaixona por um; às vezes é um amor herdado dos pais, outras vezes a gente se encantou pelo time que na nossa infância estava em alta ou se contagiou pelo amor que os nossos amigos tinham pelo seu time. 

Existe uma relação especial das pessoas com seus times; o torcedor se sente parte do seu time e demonstra isto quando diz: "a gente está contratando tal jogador" ou  "no domingo a gente vai jogar em tal lugar";  quando o time vence, existe uma sensação de vitória pessoal; quando o time vai mal o torcedor pode até reconhecer as falhas, mas não gosta de ouvir críticas (assim como acontece com os filhos: ninguém conhece seus defeitos melhor do que nós, mas não gostamos de ouvir ninguém falar mal deles). 

E o estádio de futebol? É uma espécie de Templo. É lá que a gente se maravilha com as jogadas bonitas, sofre, torce, grita, ri, se emociona... Quando estão no estádio, as pessoas que torcem pelo mesmo time se reconhecem, mesmo sem se conhecerem; é como se fossem parentes, membros de uma grande família... Existe uma simpatia mútua, pelo simples fato de terem amor pelo mesmo time; gente que nunca se viu antes se abraça  e até chora junto. 

Pra quem nunca viu muita graça no futebol, eu sugiro que um dia vá a um estádio e fique no meio da torcida organizada mais vibrante: ouça os gritos de incentivo e as músicas cantadas por esta torcida, veja as camisetas, faixas e bandeiras e eu duvido que saia de lá sem nenhuma nova emoção, nem que seja uma leve simpatia...  

Futebol é isto: esporte, arte, espetáculo e amor... Um amor inexplicável, mas quem disse que o amor se explica?



2 comentários:

  1. É uma pena que hoje em dia muita gente esteja transformando o Futebol em uma forma de colocar para fora suas frustrações, quer seja agredindo os torcedores adversários, quer seja agredindo aos seus próprios companheiros de torcida.
    Muito bom o texto.

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  2. Eu já fui verdadeiramente FA-NÁ-TI-CO pelo Inter, mas passou. Então sou o caso de alguém que já não se entusiasma por futebol, mas entende perfeitamente a emoção. Pegando o gancho do que disse o Carlos Eduardo aí em cima, acho que a alegria do futebol desapareceu. O que existe hoje é uma cobrança doentia de que os jogadores justifiquem seus altos salários aliviando nossas frustrações com vitórias. Acabou o espírito esportivo, o congraçamento, o lema de que "o importante é competir". Virou uma guerra. Exemplo claro disso é a fúria da torcida brasileira quando a Seleção perde. Não existe mais apoio, existe cobrança.

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