domingo, 8 de abril de 2012

A hora de desistir

Um dia desses eu li uma frase que me causou um grande impacto: “Desistir de tentar pode ser uma atitude inteligente.”

O meu primeiro pensamento foi: como assim? Um incentivo à desistência? Esta frase vai contra os milhares de livros de auto-ajuda e frases motivacionais que dizem que nunca devemos desistir; que quem luta com vontade sempre alcança o que deseja; que nenhum sonho é impossível...

É claro que quem utiliza estas frases de incentivo está coberto de boas intenções, quer apoiar alguém a lutar, a se empenhar para atingir seus objetivos. Muito louvável! Mas será que a esperança realmente não morre nunca? Será que acreditar indefinitamente que alguma coisa vai acontecer ou alguém vai mudar realmente vale à pena?

Tentar sim; ter esperança sim; mas por quanto tempo? Quantos meses ou anos de uma vida devem ser consumidos lutando por alguma coisa que nunca vai acontecer?

Eu sempre fui destas pessoas que sempre acha que tudo vai dar certo (mesmo quando demora muito) mas agora, mais experiente, eu também vejo o outro lado: nem tudo é possível! Nem todo mundo muda (às vezes a pessoa nem quer mudar, apenas nós queremos que ela mude!). Algumas coisas realmente não vão acontecer e não vai mudar nada a gente ficar anos investindo e tendo esperança.

Mas o mais difícil é saber a hora de desistir. Qual é o tempo máximo que devemos investir antes de bater em retirada? Quantas decepções devemos aguentar antes de enxergar que não tem jeito?

Eu já perdi muito tempo persistindo em um trabalho, me dedicando, investindo tempo e dinheiro, acreditando que ia acabar valendo à pena. Já perdi alguns anos acreditando em relacionamentos onde só eu investia e só eu realmente queria. Muitas vezes outras pessoas enxergavam que eu estava investindo o meu tempo e a minha dedicação à toa, mas eu não estava pronta pra enxergar isto.

Estes anos mal investidos não voltam, só servem para nos fazer enxergar que a esperança tem que ter limite!

Nós precisamos conseguir analisar se realmente existem chances de sucesso numa batalha. Investir indefinidamente, ilimitadamente, é prova de persistência, mas também pode ser ingenuidade ou teimosia.

Se alguém trabalha duramente há anos numa empresa, recebendo um salário muito aquém do que merece, e vendo outras pessoas (ou nenhuma) tendo oportunidades, até quando vai continuar esperando? Desiste! Começa a procurar uma empresa que reconheça o teu mérito e esteja disposta a te recompensar pela tua dedicação.

Se está num relacionamento onde já teve que perdoar várias vezes e a pessoa volta a cometer os mesmos erros? Desiste, esta pessoa não está mudando e só vai continuar te fazendo infeliz.

Não sou uma pessoa derrotista, só quero dizer que a gente deve lutar sim, mas de olhos abertos.

A gente deve tentar, investir, esperar, lutar, mas até um certo ponto. A gente tem o direito de desistir sim, e não tem nada de errado nisto. Desistir do que nos faz sofrer ou do que nunca vamos poder alcançar é uma atitude madura de alguém que quer ser feliz.

A nossa vida é muito preciosa pra desperdiçarmos longos períodos com batalhas inúteis.

 

 

segunda-feira, 12 de março de 2012

O importante é vencer?

Com a proximidade das Olimpíadas de Londres vários canais têm mostrado cenas de Olimpíadas passadas, grandes jogos, participações do Brasil, etc...

Hoje vi uma cena que me chamou muito a atenção: a seleção brasileira de vôlei masculino no pódium recebendo medalha de prata com uma expressão de abatimento e tristeza estampada nos rostos. Eu fiquei pensando: por quê? Por que não ficar feliz por ter conseguido ficar em segundo lugar, tendo sido a melhor seleção, exceto uma? 

Discordo totalmente de uma frase do Ayrton Senna: “O importante é ganhar tudo e sempre. Essa coisa de que o importante é competir é pura demagogia”.

É bom vencer, mas as pessoas às vezes dão uma dimensão exagerada à necessidade de ser “o melhor”. Esta busca desmedida pela vitória traz muito mais sofrimento do que alegrias, afinal apenas um vence. 

Um dia destes vi uma pequena parte de um programa na TV (não conseguiria continuar assistindo!). O programa mostra meninas de 5 ou 6 anos sendo preparadas para serem pequenas misses. As meninas passam horas cuidando do cabelo, maquiagem, ensaiando o desfile e tendo as mães ao seu redor; as elogiando e incutindo nelas o pensamento de que vão ganhar o concurso, porque são as mais bonitas. Era deprimente ver as meninas perdendo suas infâncias para serem moldadas para vencer. O que vai acontecer com a única que ganhar o concurso? Vai se sentir a mais bonita, a rainha da beleza, a que está acima de todas as outras. E o que vai acontecer com todas as outras? Vão sentir o gosto da derrota e ver nos rostos das suas mães o quanto estão decepcionadas. E para quê tudo isto? Por quê uma mulher que venceu o concurso de rainha do bairro, da cidade, da região e do estado se sente perdedora se ficar em segundo no miss Brasil? Todas as outras vitórias deixaram de ter valor?

No futebol não é absurdo que o primeiro lugar da série B é aclamado e comemora, enquanto os últimos colocados da série A se sentem fracassados? Mas os últimos colocados da série A não são (a princípio) melhores do que os primeiros colocados da série B?

Eu acho que os pais devem cuidar muito para não estimular nos filhos o gosto exagerado pela competição e a necessidade de ficar em primeiro lugar, pois é muito mais provável que estejam criando filhos que vão se sentir derrotados do que vencedores. 

Os pais querem sempre estimular os filhos para que se dediquem, busquem sempre se superar e acreditem em si, mas eles não precisam condicionar a sua felicidade ao fato de superar a todos os outros. Estimulem para buscarem o sucesso, mas não necessariamente para ser melhor do que os outros, até porque ninguém vai ganhar sempre. 

Eu gosto de ver em finais de partidas de vários esportes, competições de ginástica, festivais de músicas, quando os adversários se cumprimentam e parabenizam (sinceramente) aquele que o venceu: não por falsa cordialidade, mas por sincera admiração; por entenderem que naquele momento o outro esteve melhor e merece ser reconhecido por isto. 

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Teoria do Otimismo

Eu tenho uma amiga bonita, inteligente, engraçada, mas muito pessimista.

Antes mesmo de fazer as provas, ela já diz que vai rodar (e até agora sempre foi aprovada!)

Eu sou o oposto; sempre penso na possibilidade mais agradável, sempre acho que tudo vai dar certo.

Um dia eu disse que ela não podia ser tão pessimista e ela ainda defendeu a sua teoria: “eu já saio esperando pelo pior: se acontecer alguma coisa boa, vou ter uma surpresa agradável, mas se der tudo errado, eu não vou me decepcionar!”

Eu poderia falar pra ela da Lei da Atração, que diz que a gente atrai o que a gente pensa, mas vou optar por uma teoria minha mesmo: simples, prática e lógica:

Veja bem:

- se a pessoa pensa que algo vai dar errado e depois dá certo: sofreu à toa, pensando em uma coisa negativa que nem ia acontecer.

- se pensa que algo vai dar errado e a previsão se confirma: perdeu a chance de pelo menos passar um tempo bem, e começou a sofrer antes da hora.

- se pensa que vai dar certo e dá errado: aproveitou um tempo feliz e estava mais forte quando teve uma decepção (portanto vai enfrentar melhor o problema).

- se pensa que vai dar certo e o resultado é positivo: já começou a ser feliz antes mesmo de ter um motivo real pra comemorar. Perfeito: só alegria!

Então: não está claro que é melhor pensar de forma positiva?

Prever coisas negativas antes de acontecerem é sofrer por antecipação e muitas vezes sofrer sem necessidade. E pra quê? Sofrer, só em último caso, quando tiver um motivo real! Fora isto, a gente tem que passar o máximo de tempo bem (pro nosso próprio bem!)