quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Gente sem noção - A dorminhoca



Muita gente dorme no ônibus; normal, tem os que ficaram acordados até tarde estudando, trabalhando ou fazendo festa; os que passaram a noite em claro com o filho pequeno, uma dor de dente ou uma baita insônia... tudo bem aproveitar aquele tempo ocioso pra recuperar as energias. 

Passageiro dormir em ônibus é bem comum, mas eu já peguei algumas vezes um ônibus onde a cobradora também dorme. 

É muito desagradável, até irritante! Ela fica sentada naquela poltroninha alta, onde todo mundo pode vê-la cochilando: como é que ela não fica com vergonha? 

Quando algum passageiro se aproxima da roleta ela acorda e faz um tremendo esforço mas só consegue abrir os olhos até a metade, como se as pálpebras fossem uma cortina semi-aberta. 

Quando chega mais para o final do trajeto do ônibus, onde ela sabe que quase ninguém mais vai subir até o fim da linha, ela se ajeita na poltrona, recosta a cabeça e dorme descaradamente! 

Como é que ela não vê que é um absurdo dormir no horário e no local do trabalho? 

Que empresa pagaria um salário para que seu funcionário dormisse? 

E se ela contratasse alguém para fazer qualquer trabalho na sua casa e a pessoa simplesmente dormisse? Ela ia achar normal?

Cada vez que eu pego o ônibus desta cobradora eu penso: a não, é o ônibus da cobradora dorminhoca!

Menos mal que ela é cobradora, já pensou se fosse motorista?


sábado, 12 de novembro de 2011

Tatuagens emocionais


Existem sentimentos que são tão intensos e duradouros que são como tatuagens emocionais.
 
O amor por nossos filhos está gravado tão profundamente em nós que nada é capaz de apagar; a saudade de um pai ou irmão já falecidos vão nos acompanhar pela vida inteira; a lembrança de um grande amigo ou alguém que amamos muito resiste ao tempo e à distância. 

Existem pessoas e lembranças que ficam como cicatrizes no nosso coração: só que não são cicatrizes de ferimentos e sim lindas marcas de sentimentos felizes e verdadeiros.

Assim como as tatuagens, podemos não “olhar” para estes sentimentos todos os dias, mas sabemos que eles existem e fazem parte de nós. 

As tatuagens feitas na pele e as tatuagens emocionais se perpetuam em nós, a diferença é que umas são percebidas por todos e outras são invisíveis aos olhos. 

As pessoas podem ver e avaliar desenhos na pele, mas ninguém sabe o tamanho nem a beleza de uma marca emocional; tatuagens na pele já podem ser retiradas a laser, mas certos registros em nossos corações ninguém consegue apagar (nem nós!).

Neste mês fiz minha primeira tatuagem! A minha filha me disse que iria fazer uma tatuagem em minha homenagem com as palavras “Tutto per me”.  Fiquei tão feliz que decidi retribuir a declaração de amor dela e fazer uma tatuagem igual, já que ela realmente é (sempre foi) tudo pra mim.

Agora, o sentimento mais presente no meu coração e na minha lembrança foi materializado e pode ser visto por qualquer pessoa. Os outros continuam guardados, só pra mim...


 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pior sem eles


Eu uso óculos para enxergar de perto a uns 3 ou 4 anos e hoje foi a primeira vez que eu os esqueci em casa.

Saí pra trabalhar na hora de sempre, peguei o ônibus lotado de cada dia e como normalmente acontece, lá pela metade do percurso um banco ficou vazio e eu consegui sentar. Abri imediatamente a bolsa, peguei o livro que estou lendo e quando abri o estojo dos óculos a surpresa: vazia! Neste momento eu pressenti que seria um longo dia!

A primeira coisa que me passou pela cabeça foi voltar pra casa pra buscar os óculos, mas se eu fizesse isto acabaria chegando ao trabalho com quase duas horas de atraso (má idéia pra quem está em emprego novo). 
 
Cheguei à empresa, sentei em frente ao meu computador e pensei: vai começar o martírio... mas vamos lá, tudo vai dar certo, são 8 horas da manhã e só faltam 9 pra eu ir pra casa (ops, lembrei de mais um detalhe: é dia de encontrar o pessoal do curso de inglês pra estudar! Tá feia a coisa pro meu lado!).

Contei só pras colegas mais chegadas (é claro que eu não ia contar pros chefes e colegas novos que tinha esquecido os óculos e não estava enxergando quase nada!) Por sorte, como eu só uso os óculos na frente do computador, ninguém percebeu nem me perguntou nada. 

Quando fui almoçar com a minha colega olhei para o buffet de comidas e disse: olha, hoje tem batatas fritas! Ela olhou pra onde eu apontava e me olhou de volta rindo: aquilo não é batata frita é massa penne! (ri de mim mesma e depois contei pras outras amigas o acontecido). No começo da tarde o meu gerente me chamou para uma reuniãozinha e pediu que o ajudasse a responder a um email importante. Desta vez me saí bem: eu ia dando minhas sugestões e olhando pra tela sem deixar transparecer que não estava enxergando nada do que ele digitava. 

No final do dia eu estava com dor de cabeça mas um grande alívio: eu sobrevivi à dificuldade! Tinha conseguido trabalhar o dia todo e cumprir todas as minhas tarefas; a princípio só fiz uma besteira que foi mandar um email pra pessoa errada, que me devolveu demonstrando não ter entendido a minha mensagem. Talvez amanhã eu descubra algum erro que hoje eu não enxerguei (literalmente).

Este dia foi bom pra eu me dar conta das minhas limitações! Como é estranho e como causa insegurança não estar nas condições normais e ter muita dificuldade pra fazer as mesmas coisas que faz todos os dias com tanta facilidade. 

Foi difícil mas passou! Cheguei em casa e o bonito estava bem quietinho ao lado do meu computador! (olhei pra ele e disse: “Custava ter me avisado que tava aí antes de eu sair de casa?” 

A conclusão é simples: às vezes é difícil conviver com eles, mas a vida fica bem pior sem eles (os óculos!)