sábado, 24 de setembro de 2011

Pelado

Acho maravilhoso como um autor consegue dizer coisas profundas com palavras simples; melhor ainda quando a letra da música é engraçada e todo mundo canta sem nem perceber o lado inteligente do que está sendo dito.

Comecei a pensar nisto um dia destes, quando ouvi a música Pelado, do Ultraje a Rigor. Esta música de  letra divertida e ritmo agitado marcou muitos jovens dos anos 80, que como eu, ainda sabem a letra e sentem vontade de cantar e dançar junto.

A música fala da indignação e intolerância das pessoas e autoridades com a nudez do corpo enquanto existem pessoas "nuas" de comida, educação e condições de saúde.

Só por dizer isto de forma criativa a música já mereceria elogios, mas ela vai além... ela diz que “ por baixo da etiqueta é sempre tudo igual”! E não é? Todo ser humano não nasce com os mesmos “itens de fábrica”? Duas pernas, dois braços, uma cabeça; dois pulmões, um fígado e um coração... 

Ah, é claro que existem diferenças entre o corpo do homem e o da mulher, mas entre todos os homens e entre todas as mulheres não é basicamente tudo igual?

E tem mais... todas as pessoas possuem as mesmas necessidades básicas, como comer, beber, respirar; todos transpiram, fazem suas “necessidades”, possuem instintos de sexo e de sobrevivência.

É verdade que o ser humano é muito complexo e que existem pessoas completamente diferentes em termos de personalidade, caráter e ambições... Mas no fundo, simplificando tudo, o que todo mundo quer não é muito parecido? As pessoas priorizam de forma diferente as suas necessidades e objetivos, mas existe alguém que não queira ter saúde, paz, realização e sucesso profissional, amigos, família e amor?

Somos muito iguais para perder tempo focando nas diferenças, como nível social e intelectual, aparência, condições financeiras; isto tudo é detalhe, vamos focar no que realmente importa e diferencia as pessoas, que é o que elas trazem no coração, o bem que fazem e desejam para si e para os outros... a bondade e o caráter fazem um ser humano melhor, o resto é tudo igual.






sábado, 10 de setembro de 2011

Um dia de cada vez

Na semana passada eu assisti novamente o filme Click, com o Adam Sandler, onde o personagem encontra um controle remoto capaz de acelerar o tempo, pulando períodos da vida que parecem menos importante e indo direto para momentos especiais, como promoções e aquisições. Depois de algum tempo ele descobre que o que no início parecia bom acabou não valendo a pena, porque ele fez sua vida passar mais rápido, sem dedicar tempo para cuidar da sua saúde e sem aproveitar o dia-a-dia com as pessoas da sua família.

Este filme me fez pensar que muitas vezes ficamos torcendo para que o tempo passe rápido para vivermos logo uma situação ou conquista prevista para meses ou anos à frente.  

No início da gravidez já começamos a querer que chegue logo o dia do nascimento para podermos ver e segurar o nosso bebê. Nos primeiros meses já começamos a pensar na festa do primeiro aniversário e em como será bom quando ele começar a andar e a falar. 

Quando estamos estudando ficamos desejando que o semestre ou o ano letivo acabe logo, já pensando no certificado e na formatura.

Quando trabalhamos, ficamos ansiando pelo final de semana, pra podermos descansar, pelo final do mês para recebermos o salário, pelas férias para podermos viajar...

Quando compramos um imóvel, um carro ou fazemos qualquer outro tipo de prestação, ficamos pensando em como vai ser bom quando quitarmos o débito. Há uns 3 anos atrás eu comentava que quitaria um financiamento em dezembro de 2011 e me perguntaram se eu não estava louca para que chegasse o dia da última prestação; eu respondi que não, porque quando chegasse este dia eu já teria 47 anos e eu não tinha pressa de chegar nesta idade.

A cada ano que passa eu tenho a impressão de que os meses passaram mais rápido... Os dias continuam tendo 24 horas e as semanas 7 dias, mas talvez pelo fato de estar sempre focando no futuro eu tenha a impressão de que o tempo está passando mais depressa. Mas qual é a vantagem do tempo passar tão rápido? Cada semana ou mês que passa não vai voltar mais! É a nossa vida que está passando e a gente está com pressa?

Muitas vezes colocamos nossa felicidade no futuro, mas o futuro é um “lugar” que só existe na nossa imaginação; devemos sim fazer planos, traçar metas e seguir os passos necessários para alcançarmos o que queremos, mas sem esquecer de aproveitar o presente.

Se eu pudesse ter um controle remoto do tempo, com certeza só usaria a tecla de voltar: reviveria momentos dos quais tenho saudade e conversaria com pessoas que já não posso encontrar.  

Amanhã vem depois de hoje... vamos viver um dia de cada vez... 


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Tenho todas as idades que já tive



Me dei conta de que não tenho apenas a minha idade atual, tenho todas as idades que já tive guardadas dentro de mim, convivendo, dentro do possível, em harmonia.

Se eu só tivesse meus quarenta e vários anos, seria sempre madura, constantemente tranqüila, forte, serena, segura...

Eu tenho sim esta maturidade, mas também ainda tenho apenas dois anos, e às vezes quero colo e preciso que alguém me cuide e proteja.

Tenho os 3 anos da famosa idade dos porquês, com muita coisa pra perguntar e tentar entender.

Tenho os 7 anos de quem está entrando na escola, ao mesmo tempo com vontade de aprender tudo e com medo de não ser capaz.

Tenho os 10 anos de quem adora as festas em família e quer passar todo tempo que pode com as amigas.

Tenho os 15 anos dos sonhos românticos com o “príncipe encantado”, da vontade de ter a vida “invadida” por alguém que ocupe os espaços vazios e prometa amor eterno.

Tenho os 20 anos da vaidade, da vontade de me cuidar e querer me sentir bonita.

Tenho os 25 de quem recém foi mãe, que além de dar muito amor quer garantir saúde, segurança, educação; quer transmitir os melhores valores e garantir a felicidade, mas no fundo morre de medo de não dar conta do recado.

Tenho os 30 anos de quem pensa em estabilidade: bom emprego, casa própria, poupança...

Tenho os 35 de quem já não se vê tão jovem e se incomoda com rugas, cabelos brancos, celulite... 

Tenho os 40 de quem já não se acha mais tão atraente e tem medo da velhice e da solidão.

Eu sou todas as minhas idades e convivo com todas as necessidades, medos e qualidades que já tive... 

Sou forte e madura, mas não o tempo todo.

Não tenho todo o conhecimento que pretendia ter quando chegasse a esta idade, porque ainda tenho muito a aprender.

Ainda não tenho tudo que quero, mas ainda tenho muita força pra continuar buscando.